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sábado, 20 de novembro de 2010

Voluntariado

Esta semana apresentei em uma palestra na faculdade um pouco sobre minhas experiências com voluntariado... Como nem todos puderam assistir - competir com o jogo do Brasil não é fácil - resolvi escrever um pouco sobre o que falei...

Quando digo que há cinco anos faço trabalho voluntário, muitos me olham com espanto. Primeiro pensam 'ora, que moça mais conservada! Trinta anos, com cara de vinte!'. Isso porque 'trabalho' requer responsabilidade e, portanto, 'deve ser uma atividade restrita a pessoas adultas'.

Mas eu tinha apenas treze anos quando fui convidada a participar de um evento voluntário. Durante essa fase muitos jovens constumam gastar seu tempo ocioso fazendo atividades pouco saudáveis - muitos começam a usar drogas, outros adentram no mundo da criminalidade - sendo que poderiam usar este tempo participando de ações comunitárias, por exemplo.

Eu não sabia até então o que era ser voluntário. Só comecei a entender o significado desta palavra após participar do primeiro evento, que ocorreu em uma associação para dependentes químicos e portadores de HIV. Eu temia não poder contribuir de forma alguma no evento, já que não sou cantora, dançarina, artista circence e na época era apenas uma estudante do ensino fundamental. Mas me surpreendi: lá eu encontrei pessoas que se alegraram com minha presença, e que se satisfizeram com minha atenção.

Portanto, o que é o trabalho voluntário?

Se desmembrarmos, a compreensão fica mais fácil: o que é o trabalho? É quando alguém vende um serviço, um dom ou uma habilidade a outrem. Afinal de contas, vivemos em um sistema capitalista cujo principal personagem é... o capital! E por isso, tudo, ou grande parte das nossas atividades giram em torno dele.

Mas nosso sistema capitalista não é perfeito, certo? Creio que todos já tenham notado que vivemos em um mundo extremamente desigual, onde apenas dois por cento da população detem metade da riqueza mundial. Isso não precisa ser notado apenas por meio de números de estatísticas: basta olharmos para as construções em áreas de risco, para as crianças nos semáfaros e para os moradores de rua embaixo das pontes.

Ora, se todo ser humano necessita de serviços para ter uma vida digna, e se no nosso sistema é necessário que, para obtermos esses serviços, precisemos pagar por eles, como essas pessoas que não tem O CAPITAL poderão viver?

É neste ponto que surge o trabalho voluntário.

Ele é o elo entre aqueles que não podem pagar por serviços e aqueles que podem - e querem - oferecê-los.

Mas, para desencargo de consciência, muitos podem pensar: 'ora, eu pago impostos! Ajudar essas pessoas é papel do governo, do Estado, dos representantes que elegemos!'.

A essência do trabalho voluntário está em um sentimento único, que é pouco reconhecido e divulgado: a consciência social. Aquele que a possui sabe que a sociedade não é um termo alheio, que diz respeito a "eles"; a sociedade é um grupo no qual todos nós fazemos parte. O consciente sabe que o fato de um mendigo estar pedindo comida em frente a estação de trem não é somente um problema do governo, porque ele de alguma forma estabelece uma relação entre todos os seres com quem convive em todo o planeta, independente de suas condições de vida. Somente o consciente social é capaz de notar que o que importa, o que realmente gera prazer ao realizar um determinado trabalho é o sentimento de construção, seja ela de cidadania, de bem estar a alguém, ou de qualquer outro propósito maior.

Não defendo que todos abandonem seus trabalhos remunerados e que se ponham a ajudar os demais a diminuir as desigualdades da sociedade. Também não defendo os falsos voluntários, que buscam enriquecer sua imagem e seu currículo por meio do trabalho voluntário. Mesmo porque, é fácil diagnosticar os falsos voluntários, porque eles não possuem consciência de suas ações e acabam se entediando com facilidade. Não os culpo: eu não era consciente de minhas ações aos treze anos. Fazia por egoísmo, porque eu me sentia bem em realizar essas atividades. E foi o tempo que me trouxe os entedimentos necessários para compreender os motivos das minhas ações.

Há pouco tempo, nas aulas de Economia, vimos que os liberalistas defendiam que todo homem era egoísta por natureza. A princípio, isso justificou meu interesse em fazer trabalho voluntário, já que eu sentia bem-estar ao fazê-lo. Mas após muitas reflexões, tive que discordar dos estudiosos: não creio que todo ser humano seja egoísta por natureza, e sim que a sociedade defende e incentiva o egoísmo, o individualismo e, consequentemente, o consumismo. Lamento que os liberais não tenham conhecido Madre Teresa de Calcutá, ou Mahatma Gandhi. Que explicação eles dariam ao fato de um ser humano abrir mão de bens materiais, ou deixar de comer por dias, em nome de uma causa social? Em benefício de um grupo, e não apenas em benefício próprio?

Creio que uma simples postagem não seja capaz de elucidar todas as minhas opiniões a respeito de um tema tão vasto e digno de discussão, mas espero ter contribuido para que os leitores tenham algumas reflexões. Gostaria de concluir com a frase do já citado Gandhi: "Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia".

sábado, 13 de novembro de 2010

Livros

Não sei se já comentei, mas uma de minhas maiores paixões é a leitura. Infelizmente este ano a falta de tempo me impediu de ler o quanto eu gostaria, mas mesmo assim, tive o privilégio de ler ótimos livros. Gostaria de compartilha-los!

O símbolo perdido - Dan Brown
Tive a oportunidade de ler outros livros de Brown, mas este rapidamente se tornou um de meus favoritos. É incrível como as histórias por ele narradas nos permitem adentrar em locais desconhecidos: ao término da leitura, eu senti como se acabasse de sair das ruas de Washington. Correndo, diga-se de passagem. Não sei se sou anormal, mas li este livro em menos de uma semana... Impossivel perder o ritmo e não acompanhar o professor Langdon em suas buscas e descobertas. Mas o grande trunfo deste livro é, sem dúvida, os recursos tecnológicos nele mostrados.

O monge e o executivo - James Hunter
Tempos atrás, um livro com este título não me seria muito atrativo. Mas graças a indicação do professor de Administração, Sr. Jonas Prado (leiam o livro dele!), resolvi comprá-lo e lê-lo. Garanto que nele existem histórias, frases e lições que podem mudar nossa forma de ver o mundo. Até então, eu jamais havia reparado o quão egoistas podemos ser quando, por exemplo, dizemos que uma foto coletiva ficou feia só porque não saimos como desejávamos.

Zona Morta - Stephen King
Sei que é um tanto vergonhoso admitir mas... este foi o primeiro livro que li do grnade Stephen King. Eu já conhecia a fama do escritor, mas sempre fui um pouco medrosa em relação a histórias de suspense. Quando vi este livro perdido sobre uma das prateleiras do Sebo, logo me recordei da série que assistia alguns anos atrás: "O vidente". Ela foi baseada no livro de King! E eu só descobri isso quando vi que o nome da personagem principal era o mesmo... John Smith. E para aqueles que são tão medrosos quanto eu, não é preciso ter pânico: as "cenas" não são apelativas. O terror de King é psicológico...

O morro dos ventos uivantes - Emily Jane Brontë
O segundo classico que li este ano foi um dos melhores romances que já li. Não costumo ser muito sensível, mas admitido que chorei horrores lendo esta história. Talvez porque estamos muito acostumados com novelas açucaradas e, quando nos deparamos com histórias de amor (o sentimento real, e não a palavra usada de forma tão arbitrária atualmente) ficamos encantados ao imaginar que, talvez, seja realmente possível que duas pessoas se amem de verdade.

1984 - George Orweel
Mais uma vez, é um pouco vergonhoso admitir que a essa altura de vida eu ainda não lera este clássico. A sociedade imaginada pelo autor já me era um pouco familiar, semelhante a que eu vira na obra de Aldous Huxley, "Admirável Mundo Novo". O melhor, em ambos os livros, é adentrar nesses diferentes mundos e se colocar nos corpos dos protagonistas, tentando entender suas ações e, principalmente, como conseguem - ou não - sobreviver diante de tantas privações de liberdade, desilusões e barreiras. A descrição dos autores garante que o leitor se sinta coagido, injustiçado e sufocado diante do sistema.

Estes foram os melhores livros que li este ano! Quando ler outros, farei novas postagens!