Estes dias me dei conta que o
amor e o tempo são as mais importantes linhas que erguem cada uma das partes de
nossos membros de marionete. Essas linhas determinam se nossos ombros estarão levantados,
e se os cantos de nossas bocas estarão erguidos formando covinhas.
O movimento circular dos
ponteiros pode ser um martírio em momentos entediantes, que podem ser palestras
de pseudo-sabichões, ou até mesmo ações repetitivas de uma linha de produção
capitalista. Desejamos que o mundo real torne-se ficção só para que possamos
apertar o botão do controle remoto, de modo que tudo passe mais rápido e
cheguemos logo ao fim.
Mas que fim?
Para alguns, o fim de um momento
entediante pode acontecer com a chegada de algo – ou alguém – que possa gerar
um pouco de satisfação, alegria, felicidade. Nessas horas quebramos o relógio.
Queremos que os limites dos horários voem pelos ares. E a linha do amor nos
ergue a um plano maior, onde podemos ser aquilo que queremos sonhar com o que
desejamos.
Mas antes que alcancemos nosso
nirvana, eis que o despertador toca.
Se não bastassem criar amarras
para nos prenderem aos relógios, ainda colocaram um alarme para que não possamos
nos livrar de sua existência!
E diante da sirene assustadora, caímos
de volta à existência sistemática. É a vez de a outra linha nos guiar ao
cotidiano, ao rotineiro.
Muitos devem se questionar: por
quê? Por que se prender ao tempo? Ora, porque não somos para sempre. Porque,
uma hora, o tempo acaba não é mesmo?
Não!
O tempo nunca acaba. Nós é que
delimitamos o tempo. O enclausuramos em nossos relógios e agendas, tornando-o
mais finito do que nós mesmos. E junto a ele, delimitamos nossos sonhos e
nossas vidas.
Não seriamos mais felizes se
simplesmente... vivêssemos?
Afinal de contas, como já diria o
poeta: “que seja eterno enquanto dure”...
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